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Corpos de vítimas de acidente da Voepass podem ser identificados por DNA, diz médico-legista do IML
13/08/2024
Paulo Sérgio Tieppo Alves, médico-legista do núcleo de antropologia do Instituto Médico Legal (IML), afirmou que isso pode acontecer pois há necessidade de mais de um exame para confirmar a identidade da vítima. Até a tarde desta terça, o IML tinha identificado 45 dos 62 mortos. Vítimas da queda de aeronave em Vinhedo morreram de politraumatismo, segundo IML
O médico-legista Paulo Sérgio Tieppo Alvo, do Instituto Médico Legal (IML), afirmou que alguns corpos de vítimas de acidente do avião que caiu na última sexta-feira (9) em Vinhedo, interior paulista, podem precisar passar por exames de DNA para serem identificados.
No total, 62 pessoas morreram, sendo 58 passageiros e quatro tripulantes da Voepass, naquele que é o maior acidente aéreo do Brasil desde 2007.
Profissionais do IML e familiares das vítimas se reuniram nesta terça-feira (13) no hotel em que estão hospedados no Centro de São Paulo. Segundo Tieppo, o objetivo dos profissionais foi explicar para os parentes como está o processo de identificação e liberação dos corpos.
"Os que ficam mais para o final [no processo de identificação] são aqueles que demandam mais exames. No final, certamente alguns casos vão precisar de identificação com auxílio do exame de confronto genético [exame de DNA]", detalhou Tieppo à imprensa.
O reconhecimento dos corpos ainda não tem prazo para terminar. Até a tarde desta terça, a força-tarefa do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo tinha identificado 45 dos 62 mortos. Desses, 27 foram liberados aos familiares.
Por iniciativa da Defensoria Pública, em diálogo com os cartórios, cada família receberá uma ligação entre 9h e 15h as convocando ao IML, onde será emitido o documento necessário para a certidão de óbito. As certidões poderão ser lavradas na unidade com a assistência de um cartório de registro civil.
Para facilitar o processo, as famílias devem apresentar a declaração de óbito, RG ou CNH da vítima, CPF da vítima, PIS, entre outros documentos solicitados pelo cartório.
Nesta terça-feira, segundo defensora pública-geral Luciana Jordão, ocorreu a primeira reunião da Defensoria Pública com a Voepass e a seguradora para tratar dos desdobramentos das indenizações. Foi formado um grupo de trabalho.
Morte por politraumatismo
A Polícia-Técnico Científica de São Paulo afirmou na segunda-feira (12) que as vítimas do acidente com o avião em Vinhedo, no interior de São Paulo, morreram de politraumatismo.
"Hoje, nós temos a convicção de que todos morreram de politraumatismo. É uma certeza científica, a aeronave despencou de uma altura de 4 mil metros e, ao atingir o solo, o choque foi muito grande e todos eles sofreram politraumatismo", diz Vladmir Alves dos Reis, diretor do IML.
Avião com 62 pessoas despenca sobre área residencial de Vinhedo (SP)
Reprodução/TV Globo
Manual do fabricante aponta risco de ATR perder sustentação e girar sob condição de gelo severo
Segundo Reis, as vítimas já tinham morrido com o impacto da queda e só depois foram carbonizadas.
"As queimaduras que terminaram com a carbonização de alguns corpos foram secundárias ao politraumatismo."
O diretor disse ainda que todas as vítimas serão identificadas completamente.
"Eu garanto para vocês que quando esses corpos forem entregues aos seus familiares eles vão ter 100% de certeza que realmente é aquela pessoa. Nós não liberamos nenhum corpo, nenhuma pessoa, nenhum cadáver se não houver uma certeza absoluta dessa verificação, é por isso que daqui pra frente o processo vai ser um pouco mais lento."
A Polícia Científica do Paraná enviou para São Paulo 31 amostras de DNA e 19 de documentação odontológica para ajudar os peritos paulistas nesse processo.
A Força Aérea Brasileira (FAB) colocou à disposição a aeronave KC-390, um cargueiro, para levar os corpos das vítimas de São Paulo para o Paraná.
Análise de caixas-pretas deve apontar o que pode ter provocado queda de avião em Vinhedo
Causas
Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas.
O acúmulo de gelo foi uma das hipóteses levantadas por especialistas. Uma reportagem do g1 revelou também que o manual do ATR aponta risco de perda de sustentação e giro sob condição de gelo severo.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) já extraiu todo o conteúdo das duas caixas-pretas da aeronave e prevê divulgar em 30 dias relatório preliminar sobre as causas da queda.
Veja, abaixo, da decolagem à queda, a cronologia do acidente da Voepass:
A aeronave decolou às 11h56 e o voo seguiu tranquilo até 13h20.
O avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar.
Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca.
De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.
Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.
A velocidade dessa queda foi de 440 km/h.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o 'Salvaero' foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio.
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